Amor que não se cansa de amar!

Amor que não se cansa de amar!

sábado, 29 de outubro de 2011

Antiguidade cristã

Inscrição de Abércio

Ásia Menor, no séc. II,
 
A inscrição a seguir é considerada, pelos estudiosos, como a mais importante da antiguidade cristã. Foi composta na Ásia Menor, no séc. II, por Abércio, bispo de Hierápolis, que relata, em forma figurada sua viagem a Roma e à Síria. Entre outras coisas, fala sobre a eucaristia ministrada sob as duas espécies de pão e vinho e pressupõe a prática da oração pelos mortos.  A inscrição, gravada sobre pedra, foi descoberta em 1883 pelo arqueólogo protestante W.Ramsay, nas proximidades de Hierápolis (Frígia) e hoje se encontra no museu de Latrão.
  
Cidadão de pátria ilustre,
Construí este túmulo durante a vida,
Para que meu corpo - num dia - pudesse repousar.
Chamo-me Abércio:
Sou discípulo de um Santo Pastor1,
Que apascenta seu rebanho de ovelhas,
Por entre montes e planícies.
Ele tem enormes olhos que tudo enxergam,
Ensinou-me as Escrituras da Verdade e da Vida
E enviou-me até Roma para vislumbrar sua soberana majestade
E ver a Rainha2 com vestes e sandálias de ouro:
Lá conheci um povo marcado com um sinal resplandecente.
Também fui à planície da Síria
E vi cidades - como Nísibe - para lá do [rio] Eufrates.
Por toda parte encontrei irmãos
E tive Paulo por companheiro.
Por toda parte a fé me guiou
E ela me serviu de alimento
Com um Peixe3 de fonte, grande e puro,
Pescado por uma Santa Virgem,
Que o entregava a seus amigos.
Ela possui um vinho delicioso
E o serve misturado com pão.
Eu, Abércio, ditei este texto
E o fiz gravar na minha presença
Aos setenta e dois anos.
O irmão que o ler por acaso
Ore por Abércio.
E ninguém erga outro túmulo sobre o meu,
Sob pena de multa:
Duas mil peças de ouro para o fisco romano
E mil para Hierápolis,
Minha pátria ilustre!

1-Jesus Cristo.
2-ou seja, a Igreja.
3-isto é, a eucaristia.

Fonte:
 Agnus Dei 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Santo Antônio de Sant'Anna Galvão (Santo do dia).



Conhecido como "o homem da paz e da caridade", Antônio de Sant'Anna Galvão nasceu no dia 10 de maio de 1739, na cidade de Guaratinguetá (SP).

Filho de Antônio Galvão, português natural da cidade de Faro em Portugal, e de Isabel Leite de Barros, natural da cidade de Pindamonhangaba, em São Paulo. O ambiente familiar era profundamente religioso. Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política.

O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou Antônio, com a idade de 13 anos, à Bahia, a fim de estudar no seminário dos padres jesuítas.

Em 1760, ingressou no noviciado da Província Franciscana da Imaculada Conceição, no Convento de São Boaventura do Macacu, na Capitania do Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote no dia 11 de julho de 1762, sendo transferido para o Convento de São Francisco em São Paulo.

Em 1774, fundou o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência, hoje Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz, das Irmãs Concepcionistas da Imaculada Conceição.

Cheio do espírito da caridade, não media sacrifícios para aliviar os sofrimentos alheios. Por isso o povo a ele recorria em suas necessidades. A caridade de Frei Galvão brilhou, sobretudo, como fundador do mosteiro da Luz, pelo carinho com que formou as religiosas e pelo que deixou nos estatutos do então recolhimento da Luz. São páginas que tratam da espiritualidade, mas em particular da caridade de como devem ser vivida a vida religiosa e tratadas as pessoas de dentro e de fora do "recolhimento".

Às 10 horas do dia 23 de dezembro de 1822, no Mosteiro da Luz de São Paulo, havendo recebido todos os sacramentos, adormeceu santamente no Senhor, contando com seus quase 84 anos de idade. Foi sepultado na Capela-Mor da Igreja do Mosteiro da Luz, e sua sepultura ainda hoje continua sendo visitada pelos fiéis.

Sobre a lápide do sepulcro de Frei Galvão está escrito para eterna memória: "Aqui jaz Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, ínclito fundador e reitor desta casa religiosa, que tendo sua alma sempre em suas mãos, placidamente faleceu no Senhor no dia 23 de dezembro do ano de 1822". Sob o olhar de sua Rainha, a Virgem Imaculada, sob a luz que ilumina o tabernáculo, repousa o corpo do escravo de Maria e do Sacerdote de Cristo, a continuar, ainda depois da morte, a residir na casa de sua Senhora ao lado de seu Senhor Sacramentado.

Frei Galvão é o religioso cujo coração é de Deus, mas as mãos e os pés são dos irmãos. Toda a sua pessoa era caridade, delicadeza e bondade: testemunhou a doçura de Deus entre os homens. Era o homem da paz, e como encontramos no Registro dos Religiosos Brasileiros: "O seu nome é em São Paulo, mais que em qualquer outro lugar, ouvido com grande confiança e não uma só vez, de lugares remotos, muitas pessoas o vinham procurar nas suas necessidades".

O dia 25 de outubro, dia oficial do santo, foi estabelecido, na Liturgia, pelo saudoso Papa João Paulo II, na ocasião da beatificação de Frei Galvão em 1998 em Roma. Com a canonização do primeiro santo que nasceu, viveu e morreu no Brasil, a 11 de maio de 2007, o Papa Bento XVI manteve a data de 25 de outubro.


Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, rogai por nós!



Fonte: http://www.cancaonova.com

sábado, 15 de outubro de 2011

Santa Teresa de Ávila



Santa Teresa de Ávila é unanimemente considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. O grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, a tinha em tão alta estima que a escolheu como patrona, e a ela consagrou-se como filho espiritual, enaltecendo-a em muitos de seus escritos. Sua festa transcorre no dia 15 deste mês.
Extrema humildade de uma Doutora da Igreja
“O fato de ter pais virtuosos e tementes a Deus, e de ser tão favorecida pelo Senhor, bastar-me-ia para ser boa, se não fora tão ruim” — confessa ela com humildade no início de sua autobiografia1, que muitos consideram só encontrar paralelo nas Confissões, de Santo Agostinho.
Realmente, seus pais — D. Afonso Sanchez de Cepeda e Da. Beatriz de Ahumada, com quem este se casou em segunda núpcias — “estimavam a virtude, e tinham muitas”. D. Afonso, “de muita caridade com os pobres, piedade com os enfermos e bondade com os empregados, [...] era homem de grande retidão, [...] honesto em extremo”. Ao passo que "minha mãe [...] era de grande honestidade, [...] de trato ameno e bastante inteligente” 2. Esse elogio, na boca da futura Doutora da Igreja, tem muito peso.
Terceira dos nove filhos do segundo casamento de D. Afonso (que do primeiro tivera uma filha e um filho3), Teresa nasceu em 28 de março de 1515. Inteligente, alegre, viva, dotada de um coração de ouro, com capacidade de se adaptar a qualquer temperamento. Ela mesma o reconhece: “o Senhor me deu esta graça de agradar a todos, onde quer que esteja, e assim era muito querida”. O que a tornou logo a precoce confidente da mãe e a preferida do pai e irmãos.
Martírio, Cruzadas, Cavalaria
Da. Beatriz, desde cedo, a iniciou na vida da piedade, especialmente na reza do rosário e na leitura de livros religiosos — que era então o único gênero que entrava naquele lar. A vida de santos e o modo como conquistaram a coroa do martírio empolgaram Teresa. Aos sete anos convenceu um irmão, um ano mais moço, a irem ambos para a terra dos mouros em busca do martírio, o que revela também sua admiração pelas Cruzadas.
Fracassado esse plano infantil, pensou em ser eremita no jardim de sua casa. Ávida leitora, por volta dos 12 anos começou a ler, a exemplo da mãe, livros de cavalaria. Com o seu dinamismo e entusiasmo pelos grandes feitos, Teresa afeiçoou-se a eles. Mas em sua mente de adolescente, com a fantasia cheia de heróis, damas e castelos, não manteve o necessário equilíbrio e foi decaindo de seu primitivo fervor. É o que ela qualifica “tempo de minhas leviandades”. Mas não foi longo, pois, falecendo-lhe a mãe quando tinha 14 anos, Teresa entrou como interna no mosteiro das monjas agostinianas. A influência de uma delas, “muito discreta e santa” e de grande nobreza de sangue, foi fazendo com que “minha alma começasse a voltar aos bons costumes de minha meninice”. As cartas de São Jerônimo levaram-na a tornar-se freira. Era sua vocação ser uma verdadeira “cruzada” da mística e da vida conventual íntegra.

Convento carmelita da Encarnação em Ávila, no qual Santa Teresa residiu durante 29 anos

No Carmelo: doenças e provações
Não tendo ainda completado 20 anos, Teresa entrou, às ocultas do pai, que a queria muito, no Convento da Encarnação, das Carmelitas. Razão da escolha: nele tinha uma grande amiga.
Segundo seus contemporâneos, Teresa “tinha particular ar e graça no andar, no falar, no olhar, e em qualquer ação ou gesto que fizesse, ou qualquer estado de espírito que mostrasse. A veste ou roupa que trazia, embora fosse o pobre hábito de saial de sua Ordem ou um farrapo remendado que vestisse, tudo lhe caía bem” 4.
Um ano depois de sua profissão religiosa, Teresa ficou gravemente enferma, sofrendo inúmeros tratamentos nas mãos de médicos, que mais lhe fizeram mal do que bem. Esteve por quase três anos paralítica e foi milagrosamente curada por São José. Entrou depois, como ela mesma o afirma, num estágio de tibieza espiritual que durou 20 anos. Não deveria ser tal, porque mesmo assim recebia imensas graças. Até que um dia, vendo num oratório do convento uma imagem de Nosso Senhor chagado — com aquela vida e realismo que só os espanhóis dos bons tempos eram capazes de reproduzir — ela sentiu tanta compunção, que se prostrou a seus pés, dizendo que não se levantaria enquanto não fosse atendida em seu pedido de melhora. “Estou certa de que me valeu esta súplica, pois fui melhorando muito desde esse dia”. “Por este motivo — afirma — era tão amiga de imagens” 5.Note-se que, na época, percorria a Europa um furor contra as imagens, proveniente das nefastas doutrinas espalhadas por Lutero.
Coração transverberado e outros fenômenos místicos
Os fenômenos místicos que Teresa experimentava deixavam desconcertados seus confessores e diretores, dos quais teve muito que sofrer. Às vezes tinha arroubos e êxtases na igreja, em público, o que era objeto de comentários de toda a pequena Ávila de então. Vêm de Deus? Vêm do demônio? Cada um tinha sua opinião. Foi preciso que dois santos, São Francisco de Bórgia e São Pedro de Alcântara, com sua autoridade, lhe confirmassem a origem divina dessas experiências e a incentivassem a não opor obstáculos à ação do Senhor. Favores místicos, ela recebeu muitos, como o“noivado espiritual”, a transverberação de seu coração por um Serafim e o “desposório místico”  com Cristo.

Porta-documentos de Santa Teresa

Tormentos terríveis causados pelo demônio
É compreensível que, tendo tantas aparições divinas, algumas vezes o demônio procurasse enganá-la. “Uma vez, num oratório, apareceu-me [o demônio] do lado esquerdo, em abominável figura. [...] Outra vez atormentou-me durante cinco horas, com dores tão terríveis e desassossego interior e exterior, que me parecia insuportável. [...] De muitos fatos cobrei experiência de que não há coisa de que mais fujam os demônios do que água benta. [...] O fato é que já compreendi perfeitamente quão pequeno é o poder dos demônios contra mim, se eu mesma não for contra Deus. Por isso quase não os temo. De nada valem suas forças, a menos que vejam almas covardes que abandonam a luta. Aqui mostram eles sua tirania” 6.
Certo dia foi levada em espírito ao inferno, onde lhe foi mostrado o lugar que mereceria, se não fosse fiel. “Durou brevíssimo tempo. Contudo, ainda que vivesse muitos anos, acho impossível esquecê-lo. [...] O tormento interior é tal, que não há palavras para o definir. [...] Foi esta, repito, uma das maiores graças que o Senhor me fez. Valeu-me imensamente, quer para perder o medo quanto às tribulações e contradições desta vida, quer para me esforçar em padecê-las e a dar graças ao Senhor por me ter livrado, ao que agora me parece, de males tão perpétuos e terríveis” 7.
Prezava a “Santa Inquisição”
O demônio, costuma-se dizer, é o macaco de Deus. Sempre que há fenômenos sobrenaturais, ele suscita outros preternaturais para que se duvide também dos primeiros. Na época de Santa Teresa houve muitas falsas místicas, desmascaradas pelo Tribunal da Inquisição. Inimigos e até amigos da Santa, almas rasteiras que não compreendiam que outras pudessem subir tanto, a alertavam sobre esse santo Tribunal, hoje tão caluniado. Eis o que Teresa escreveu a respeito, em sua autobiografia:“Poderiam levantar contra mim algum falso testemunho e denunciar-me aos inquisidores. Achei graça na idéia. Fez-me rir, porque neste ponto nunca temi. Tinha consciência de que, em matéria de fé, eu estava pronta a morrer mil vezes para não ir contra a menor cerimônia da Igreja, ou por qualquer verdade da Escritura. [...] Em bem mau estado andaria minha alma se nela houvesse coisa de tal natureza, que me fizesse temer a Inquisição. Se eu imaginasse haver necessidade, seria a primeira a ir buscá-la” 8. Ao Padre Gracián, que temia os rumores de que a Inquisição pudesse ir ao recém-fundado convento de Sevilha, por causa de calúnias levantadas por duas ex-noviças, Teresa dizia: “Cale, meu pai, e não tenha medo de que a Santa Inquisição, que Deus tem posta para guardar sua fé, dê desgosto a quem tanta fé tem, como eu” 9.
Fundações de conventos: epopéia memorável
No ano de 1562, Teresa começou a reforma do Carmelo, fundando o Convento de São José, de Ávila, o primeiro a observar em todo seu rigor a antiga regra. Cinco anos mais tarde, visitando o Superior Geral do Carmo esse convento, ficou tão encantado com a santidade que nele via, e com a personalidade de Teresa, que deu a ela licença para fundar outros conventos da observância, inclusive dois de frades. Começou então o período épico das fundações, no qual a indômita Teresa, com algumas companheiras, em carro de lona puxado por burros, pelas rudimentares estradas da época, percorre a Espanha fundando conventos. A descrição que ela faz dessa saga, no Livro das Fundações, mostra o heroísmo e a força de alma que demonstraram a Madre e filhas nessa impressionante aventura.
São João da Cruz, co-fundador, com a Santa, do ramo masculino dos Descalços, teve, como ela, muito que sofrer por isso.
Enfim, “Santa Teresa possui uma das mais belas penas da literatura espanhola. Ela é, além do mais, a escritora mais instintiva produzida pelo gênio espanhol, e talvez pelo gênio cristão. [...] A experiência é sua mestra: arrastando-nos a seu próprio caminho, ela nos conduz da tibieza à virtude, à santidade, à contemplação, ao interior mesmo do divino. Sua intuição descobre as molas secretas do homem com a lucidez mais fina; contempla e desvenda as profundezas de Deus na união mística mais íntima. Isso junto com um bom senso sólido e luminoso, com uma franqueza humilde e encantadora, com uma elegância que seduz e cativa, com um arrebatamento alegre e entusiasta: a alegria que nasce do amor. Porque ela é amor e somente amor. Amor ativo, que a leva a fundar dezesseis mosteiros e a faz arder de zelo pelo seu Senhor e pela Igreja” 10.
***
Seriam necessários vários livros para se escrever a obra de Santa Teresa e a decisiva influência que exerceu, não só na Contra-Reforma católica contra o protestantismo, mas na vida futura da Igreja. Essa grande Santa entregou sua alma a Deus em 4 de outubro de 1582. Já em 1614, quando ainda Bem- aventurada, foi escolhida como Patrona da Espanha, de quem é filha grandemente ilustre.
Notas:
1.O Livro da Vida, Editora Paulus, 4ª edição, 1983, 1,1. As citações entre aspas, sem mencionar a fonte, são sempre deste livro.
2.Id., 1,1 e 2. Convém notar que a palavra “honestidade” não se refere apenas ao trato dos negócios e do dinheiro, mas tem um sentido mais amplo de bons costumes, de moralidade ilibada.
3.Cfr. Efrén de la Madre de Dios, OCD e Otger Steggink, O. Carm., Tiempo y Vida de Santa Teresa.B.A.C., Madrid, 1977, p. 12, nota 66.
4.Maria de San José, Libro de Recreaciones VIII, p. 97. In Efren, p. 26, e Province of the Teresian Carmel in Austria. ( webmaster@karmel.at).
5.Libro da Vida, 9,6
6.Id., 31, 3,4,11.
7.Id., 32, 1,2,4.
8.Id., 33, 5.
9.Efrén de la Madre de Dios, op. cit., pp. 680-681
10.Théodule Rey-Mermet, CRSS, Afonso de Ligório — uma opção pelos abandonados, Editora Santuário, Aparecida, 1984, p. 156

Matéria oferecida pela revista: http://www.catolicismo.com.br

O coração de Santa Teresa d'Avila, encontra-se incorrupto.  Leia a matéria neste link: http://silvianeperegrina.blogspot.com/2011/04/coracao-incorrupto-de-santa-teresa-de.html

sábado, 8 de outubro de 2011

A proximidade da morte, abre nossos olhos.

Beata Elizabeth da Santíssima Trindade, deixou-nos este escrito, quando sentia que iria unir-se ao seu Divino Esposo.



No declinar da vida só resta o amor

À luz da eternidade, a alma vê as coisas na sua verdadeira imagem;
Oh, como tudo é inútil, o que não foi feito por Deus e com Deus !
Peço-vos, oh, marcai tudo com o selo do amor !
Só isso resta.
Porque a vida é uma coisa muito séria: cada minuto nos é dado
para nos “enraizarmos” mais em Deus, segundo a expressão de
São Paulo, para que a semelhança com o nosso divino Modelo seja
mais  viva, a união mais íntima.
Mas para realizar esse plano que é do próprio Deus,
eis o segredo:  esquecermo-nos de nós, abandonarmo-nos, não
nos importarmos conosco, olhar o Mestre, olhar apenas para Ele,
receber igualmente como vindos diretamente do seu amor,
a alegria ou a dor; Isso estabelece a alma numas regiões tão serenas !...
Deixo-vos a minha fé na presença de Deus, do Deus todo amor
que habita  nas almas.
Confio-vo-lo: é essa intimidade com Ele “cá dentro”,
que foi o belo sol irradiante da minha vida, sendo como que um
Céu antecipado; é o que me ajuda hoje no sofrimento.
Não tenho medo da minha fraqueza, é ela que me dá confiança,
porque o Forte está em mim e a sua virtude é poderosa;
ela opera, diz o Apóstolo, além do que podemos esperar !

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Rosário. (história da instituição da festa )



A batalha de Lepanto e a proteção da majestosa Virgem do Rosário.
A Batalha de Lepanto é lembrada como uma vitória da Igreja sobre o avanço do Império Otomano ( os islâmicos) que pretendiam estender seus domínios e assim acabar com o cristianismo na Europa. É uma vitória, que dependeu da aliança de reis católicos, muitos deles em conflito uns com os outros. Mas também é atribuída à intervenção da Virgem Maria do Rosário. O Papa São Pio V havia confiado na oração especialmente do rosário, jejum e penitência para alcançar essa vitória.
 
 
Dessa guerra surgiu o culto a Nossa Senhora da Vitória, Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, e foi marcada também como a festa de Nossa Senhora do Rosário, todos os títulos usados para a Virgem Maria durante e após, quando lembrada, a Batalha de Lepanto.
 
O avanço do Império Otomano também se deve a aliança de alguns reis, ou líderes que apesar de se diz\erem católicos preferiram as vantagens econômicas de uma aliança, do que a defesa de suas origens e da fé cristã.
 
Na Batalha Naval de Lepanto, uma esquadra da Liga Santa(República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta eEstados Pontifícios), sob o comando de João da Áustria, venceu o Império Otomano, no dia 7 de Outubro de 1571, ao largo deLepanto, na Grécia. Esta batalha representou o fim da expansão islâmica no Mediterrâneo.
 
 
 
                                                                                                                                           
Resumo: O avanço dos Turcos, a Liga, a vitória
 
 
Em 1570, os Turcos Otomanos invadiram a Ilha de Chipre, então na posse da República de Veneza. Os venezianos, enfraquecidos por anos de luta contra os turcos, viram-se obrigados a pedir ajuda, já que a posse de Chipre permitiria aos turcos o domínio do Mediterrâneo.
 
O Papa Pio V reuniu uma esquadra de duzentas e oito galés e seis galeaças (enormes navios a remos com quarenta e quatro canhões), das marinhas da República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e dos Estados Papais, sob o comando de João da Áustria, formando a então chamada Liga Santa.
 
Esta frota enfrentou duzentas e trinta galés turcas ao largo de Lepanto, na Grécia, a 7 de Outubro de 1571.
  
O combate
 
 O combate durou somente três horas. Foram destruídas ou capturadas cento e noventa galés turcas, enquanto os cristãos perderam apenas doze navios. Lepanto foi o fim da ameaça marítima turca para a Europa.

A Virgem Maria na Batalha
 
O Senado veneziano pôs debaixo do quadro que representava a batalha a seguinte frase ”Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii Victores nos fecit”. – “Nem as tropas, nem as armas, nem os comandantes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória“.
 
 
Gênova e outras cidades mandaram pintar em suas portas a efígie da Virgem do Rosário.
 
 
 
Soube-se depois que, no maior fragor da batalha, os soldados de Mafona tinham avistado acima dos mais altos mastros da esquadra católica, uma Senhora que os aterrava com seu aspecto majestoso e ameaçador.
 
Resumo da Expansão Muçulmana (império Otomano):
 
- 1453 – Queda de Constantinopla
- Domínio da Pérsia e do Egito com Selim I
- Queda de Rhodes em 1522 (forçando a Ordem de S. João de Jerusalém a ir para a ilha de Malta.
- Solimão II, chamado o Magnífico, sucessor de Selim I, ocupava Belgrado e atacava, através de Barba-Ruiva, temível corsário, várias cidades   que estavam sobre a tutela da Sereníssima República de Veneza: Clissa, Prevesa, Castelnuovo, e as ilhas mais ao sul, próximas à Grécia. Isso sem falar dos ataques em outras regiões e das alianças com reis católicos contra outros reis católicos, fruto da decadência da cristandade.
- O desejo deles era de invadir Roma e entrar à cavalo na Basílica de S. Pedro.
 
O Papa São Pio V chama para a Batalha
 
Em dezembro do mesmo ano, 1566, S. Pio V dirige às nações católicas novo brado de alarme e o convite a se unirem numa Liga em defesa da Cristandade. Ninguém quer ouvi-lo, pois estão ocupados com seus problemas internos.
 
Três anos de espera.
 
Em fins de 1569 chegava a Constantinopla a notícia de que o arsenal veneziano fôra destruído pelo fogo e, devido a uma má colheita, a Península toda estava ameaçada pela fome.
 
Selim II rompe a paz e envia um ultimatum: ou Veneza entregava uma de suas possessões preferidas, Chipre, ou era a guerra.
Veneza pede auxílio, mas não quer a aliança com a Espanha, apenas a mediação do Papa junto aos demais Estados para conseguir dinheiro, tropas e mantimentos.
 
A Espanha também não quer a Liga, pois Veneza várias vezes fez alianças com os Turcos.
S. Pio V intervém e exorta a Espanha a mandar uma esquadra poderosa para proteger Malta e garantir a rota que levaria socorro à ilha de Chipre. A Liga entre Espanha e Veneza deveria ter um caráter defensivo e ofensivo, e ajustar-se para sempre ou, pelo menos, por um tempo determinado.
 
Felipe II inicia negociações, enviando embaixadores.
 
S. Pio V nomeia Marco Antônio Colonna (conhecido de Felipe II e de Veneza) como chefe da esquadra auxiliar pontifícia.
 
Seis Meses perdidos em negociações.
Sob a égide e mediação do Pontífice Romano, começaram as negociações. Com um discurso inflamado, o Papa convocava a todos para uma nova cruzada.
 
Jogos de interesses de ambas as partes. Os Espanhóis desconfiavam das intenções dos venezianos e queriam cobrar mais caro pelos cereais. Os venezianos se diziam impossibilitados de contribuir com mais de uma quarta parte dos gastos de guerra, quando eram sobejamente conhecidas as possibilidades do tesouro da Senhoria…
 
Apesar de seu temperamento fogoso, S. Pio V intervinha com uma paciência e cordura heróicas.
Sugestão de D. João d’Áustria como generalíssimo dos exércitos cristãos. Irmão bastardo de Felipe II, jovem de 24 anos e maneiras profundamente aristocráticas que à todos impressionava.
 
Peste atacava a esquadra veneziana e os turcos atacavam a ilha de Chipre, a qual caía depois de 48 dias de resistência heróica.
 
Desânimo na cristandade. Não seria melhor atacar separados mesmos?
 
S. Pio V reclama e diz que a culpa é dos príncipes católicos, os quais deviam arrepender-se de sua atitude antes que fosse tarde demais e só expiariam sua falta se se resolvessem afinal a unir-se na defesa da causa da Cristandade.
 
Os turcos sitiavam Famagusta, ameaçavam Corfu e Ragusa.
 
O Núncio em Veneza, Facchinetti, anunciava, já em fevereiro de 1571, que se não se finalizasse a Liga, havia o perigo de que Veneza pedisse a Paz e cedesse Chipre, desfazendo a possibilidade de reagir contra os otomanos.
 
A Liga
 
 
Forma-se a Liga. Em março chegaram, com diferença de apenas dois dias, as resposta do Rei da Espanha e do Doge de Veneza. Superadas as pequenas desavenças restantes, forma-se a Liga, que devia ser estável, ter um caráter defensivo e ofensivo, e dirigir-se não somente contra o sultão, mas também contra seus Estados tributários, Argel, Túnis e Trípoli.
 
A tríplice aliança contaria com duzentas galeras, cem transportes, 50 mil infantes espanhóis, italianos e alemães, 4.500 cavalos-ligeiros, e o número de canhões necessários.
 
O Papa arcaria com a sexta parte dos gastos, a Espanha com três sextos e Veneza com o resto. O Sumo Pontífice publica um jubileu, toma parte nas procissões rogatórias e manda cunhar uma medalha comemorativa.
 
Preparativos para a Batalha
 
S. Pio V lembra D. João d’Áustria que ele ia combater pela Fé católica e de que por isso Deus lhe daria a vitória.
 
 
 
O Papa envia o estandarte da Liga: era de damasco de seda azul e ostentava a imagem do Crucificado, tendo aos pés as armas do Papa, da Espanha, de Veneza e de D. João.
 
D. João recebeu o estandarte solenemente, das mãos do Cardeal Granvela, na Igreja de Santa Clara, com a presença de muitos nobres, entre os quais os Príncipes de Parma e de Urbino.
“Toma, ditoso Príncipe, disse-lhe o Cardeal, a insígnia do verdadeiro Verbo Humanado; toma o sinal vivo da santa Fé, da qual és defensor nesta empresa. ele te dará uma vitória gloriosa sobre o ímpio inimigo, e por tua mão será abatida sua soberba. Amém!”.

 
Em Roma, o Papa aguardava notíciasredobrara de orações e jejuns pela vitória e instava para que Monges, Cardeais e fiéis rezassem e jejuassem na mesma intenção.
 
Confiava na eficácia do Rosário
 
No dia 7 de outubro ele trabalhava com seu Tesoureiro, Donato Cesi, o qual lhe expunha problemas financeiros.
De repente, separou-se de seu interlocutor, abriu uma janela e entrou em êxtase. Logo depois voltou-se para o Tesoureiro e disse-lhe: “Ide com Deus. Agora não é hora de negócios, mas sim de dar graças a Jesus Cristo, pois nossa esquadra acaba de vencer”. E dirigiu-se à sua capela.

 
 
Chegam as notícias duas semanas depois. Na noite do dia 21 para 22 de outubro o cardeal Rusticucci acordou o Papa para confirmar a visão que ele tinha tido. Num pranto varonil, S. Pio V repetiu as palavras do velho Simeão: “Nunc dimitis servum tuum, Domine, in pace” (Luc. 2, 29). No dia seguinte é proclamada a feliz notícia em S. Pedro, após uma procissão e um solene “Te Deum”.
 
D. João d’Áustria – Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João (Jo. 1, 6). Palavras de S. Pio V sobre D. João d’Áustria.
 
São Pio V, Nossa Senhora do Rosário entre santos dominicanos e D. João d`Áustria
 
 
Vitória da Virgem
  
 O dia 7 de outubro ficava consagrado a Nossa Senhora da Vitória, e mais tarde ao Santo Rosário. Na Ladainha Lauretana era acrescentada a invocação que nascera pela “vox populi” no momento da grande proeza: “Auxilium Christianorum”. Capelas com a invocação de Nossa Senhora das Vitórias começaram a surgir na Espanha e na Itália.
 
Seminarista Allan Lopes – Site Vida Sacerdota

sábado, 1 de outubro de 2011

História de Santa Terezinha


 Santa Terezinha" Vou passar o meu céu fazendo o bem na terra! "
Teresa de Lisieux, Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, ou ainda Santa Teresinha
(1873-1897)
A francesa Marie Françoise Thérèse Martin (Maria Francisca Teresa Martin), nasceu no dia 2 de janeiro de 1873, em Alençon. Seus pais se chamavam Louis Martin e Zélie Guérin. Quando nasceu, era muito franzina e doente. Desde o nascimento exigia muitos cuidados. Aos 2 anos já pensa na idéia de ser religiosa, para a alegria de sua mãe, mas para o desconsolo de seu tio Isidore Guérin (seu futuro tutor sub-rogado).
Em agosto de 1876, a Sra. Zelie toma conhecimento de que padece de um câncer. Quando ela falece, o Sr. Martin muda-se com as quatro filhas para Lisieux em 1877.
A prematura morte de sua mãe, quando ela tinha 4 anos fez com que ela se apegasse a sua irmã Pauline, que elegeu para sua "segunda mamãe". A repentina entrada dessa irmã no Carmelo, fez a jovem Thérèse, adoecer. Curada pela ‘Virgem do Sorriso’, imagem da Imaculada Conceição que seus pais tinham afeição, tomou uma forte resolução de entrar para o Carmelo.
Entrou para ser aluna na Abadia das Beneditinas de Lisieux, e lá permaneceu por cinco anos, porém após sofrer muitas humilhações, de lá saiu e passou a receber aulas particulares.

Santa Teresinha com 14 anos
Quase ao completar 14 anos, no Natal de 1886, Teresa passa por uma experiência que chamou de "Noite da minha conversão". Ao voltar da missa e procurar seus presentes, percebe que seu pai se aborrece por ela apresentar comportamento infantil. A menina decide então a renunciar a infância e toma o acontecido como um sinal inspirador de força e coragem para o porvir.
Seis meses depois, Teresa decide que quer entrar para o Carmelo (Ordem das Carmelitas Descalças). Como a pouca idade a impede, é levada por familiares, em novembro de 1887, para uma audiência com o Papa, em Roma, para pedir a exceção. Em abril do ano seguinte é aceita. Concedida a autorização ingressou em 9 de abril de 1888 e tomou o nome de Thérèse de l´Enfant Jesus.
Fez sua profissão religiosa, em 8 de setembro de 1890, e tomou o nome de Thérèse de l´enfant Jesus et de Sainte Face, mas ficou conhecida pelos franceses após sua morte como Thérèse de Lisieux.
Inclinada por temperamento à calma e a tristeza, Thérèse com lindos olhos azuis, cabelos louros, traços delicados, alta e extraordinariamente bonita, quando escrevia no seu diário “Oh! Sim, tudo me sorrirá aqui na terra”, era uma época em que estava experimentando injustiças e incompreensões. Já atingida pela tuberculose pulmonar, debilitada nas forças, não rejeitava trabalho algum e continuava a “jogar para Jesus flores de pequenos sacrifícios”.

Santa Teresinha no Carmello
Após seis anos na ordem, em 1894, almejando o caminho da santidade, Teresa percebe que não consiguiria pelas tradicionais mortificação, disciplina e sacrifício observadas pelos santos a quem se dedica a estudar. Inspirada nas palavras de um padre, Teresa adota a "Pequena Via", um caminho pequeno e reto para a santidade, que consiste simplesmente em se entregar ao amor de Jesus Cristo, para que Ele conduza pelo caminho.
Morreu em 30 de setembro de 1897, com apenas 24 anos. Disse, na manhã de sua morte: “eu não me arrependo de me ter abandonado ao amor”. No dia 4 de outubro de 1897, foi sepultada no cemitério de Lisieux.

- Santa Teresinha do Menino Jesus -
Sua irmã, Paulina, também carmelita, publicou em 1898 os escritos de Santa Teresinha, intitulados "História de uma alma". No dia 17 de maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 1927. O Papa João Paulo II a declara Doutora da Igreja em 1997.

Fonte: retirado sem alterações do site: